Exercícios sobre coesão textual

O que é coesão textual? Teoria e exercícios

Nesta aula vamos aprender sobre coesão textual. Além disso, vamos revisar e resolver alguns exercícios sobre esse tema. Acompanhe!

Coesão e coerência: conceituação

É sempre bom lembrar que os dois conceitos (coesão e coerência) andam juntos, por isso vamos fazer essa abordagem inicial, ok? Lembrando que teremos uma aula apenas sobre coerência textual, também. 

Na língua portuguesa, temos uma sequência de elementos que, quando agrupados, formam coisas novas:

Palavras se tornam orações, que se tornam períodos, que formam parágrafos para, finalmente, juntarem-se para criar um texto.

Para que todas essas uniões gerem algum sentido, é preciso que haja coesão e coerência. Ou seja, se a união entre as partes do texto não for bem feita, o sentido lógico será prejudicado.

Exemplo:

Na época, não conseguimos desvendar os mistérios que compunham o caso dos jovens condenados. Segundo a justiça se mostrou falha ao não realizar uma investigação mais efetiva acerca da conduta destes jovens”.

Veja que, para unir os períodos, foi utilizada a conjunção ‘segundo’. Essa conjunção é classificada como ‘conformativa’. O parágrafo ficou coeso e coerente? Fez sentido o uso dessa conjunção?

Percebam que ao colocarmos a conjunção ‘segundo’ no contexto, acabou não gerando um sentido adequado. Houve, portanto, falha de coesão. A saída mais coerente seria uma conjunção conclusiva (‘portanto’), causal (‘uma vez que’) ou consecutiva (‘tanto que’).

Importante notar que cada uma dessas conjunções traz um sentido diferente. ‘Portanto’ e ‘uma vez que’ não resultam na mesma ideia.

Quando as partes do texto não estão corretamente ligadas, trata-se da coesão. Quando não há sentido lógico, trata-se de coerência.

O que é, então, coesão textual?

Coesão é como articulamos as palavras, as frases, os parágrafos e o texto como um todo. Essa articulação se dá por meio do léxico e de conectivos, que podem ser:

  • Pronomes;
  • Preposições;
  • Artigos;
  • Conjunções.

Tipos de coesão

Referencial

É quando elementos do texto remetem a outros itens do mesmo texto; usamos para evitar a repetição. Pode ocorrer por substituição ou reiteração.

Exemplo:

A aluna estudou muito ao longo do ano. Ela passará nas provas de forma merecida. (pronome ‘ela’ evitou a repetição de ‘a aluna’)

Sequencial

Objetiva que haja progresso textual lógica; nela não há repetição de palavras, nem estrutura. Divide-se em dois tipos: temporal e por conexão.

Exemplo:

Saí de casa, fui ao banco e paguei as contas. (há uma relação lógica das ações. Se mudarmos, perde-se o sentido)

Recorrencial

Feita por meio da repetição de palavras e/ou ideias com o objetivo de reiterá-lo.

Exemplo:

Eu falava, falava, falava, mas ele parecia não me ouvir.

Elementos conectores

Dois conceitos:

  • Conectores: qualquer palavra ou expressão que se refere a coisas passadas no texto ou que ainda serão ditas.
  • Referente: termos a que os conectores se referem.

Principais conectores

Pronomes

Pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos, interrogativos.

Exemplos:

Carlos trouxe o caderno e o entregou ao professor

O pronome ‘o’ é referente, pois se relaciona a uma palavra já citada (caderno). Ele é empregado para evitar a repetição da palavra.

Substantivos e advérbios

Exemplo:

Eduarda e Rafael chegaram em casa. Adolescentes ainda, não entendem o que é dar satisfação.

O substantivo ‘adolescentes’ está retomando ‘Eduarda e Rafael’.

Preposições

Elas unem palavras e não possuem referente, apenas estabelecem vínculos.

Exemplo:

Preciso de ajuda.

A preposição ‘de’ serve para ligar o verbo ao objeto direto, e não retoma nenhuma ideia nem faz referência a outro elemento da oração. 

As preposições não têm significado (valor relacional). Elas têm valor semântico (ou nocional); elas iniciam uma expressão com valor de causa. 

Valores semânticos das preposições

Exemplos:

Perdemos tudo com a seca. (causa)

Trouxe talheres de plástico. (matéria)

Falam muito de política. (assunto)

Encontrei a saia de Rose. (posse)

Agiu com calma. (modo)

Retomei o trabalho de manhã. (tempo)

Conjunções e locuções conjuntivas

Unem orações, estabelecendo relações entre elas. Elas podem ser coordenadas ou subordinadas. Além disso, algumas conjunções têm valor semântico diverso.

Existem casos especiais aos quais devemos nos atentar:

Mas

Exemplos:

Quero seu curso, mas não acho o link (adversativa, ideia de conflito)

Não só dá aula, mas também escreve (aditiva; ‘mas também’ equivale a ‘como’)

E

Exemplos:

Paguei o boleto e chorei muito. (aditiva)

Li o livro, e não entendi nada. (adversativa, a vírgula o torna equivalente a ‘mas’)

DICA: sempre antes de uma conjunção adversativa haverá vírgula!

Pois

Exemplos:

Estudei muito, estava, pois, exausto. (conclusiva, ao estar entre vírgulas, equivale a ‘portanto’)

Traga a prova, pois quero corrigi-la. (explicativa)

Minha planta morreu pois não foi regada. (sem a vírgula, tem sentido causal)

Porque

Exemplos:

Não fale nada, porque ela ficará triste. (com a vírgula, tem sentido explicativo)

As frutas caíram porque estavam maduras. (sem a vírgula, tem sentido causal)

Porque meu filho fosse feliz, fui para outra cidade. (final, com sentido de ‘para que’)

Como

Exemplos:

Tanto rio como chorava. (aditiva, sentido de ‘e’)

Como não estudou muito, desistiu da prova. (causal, sentido de ‘porque’)

Era bonita como a mãe. (comparativa, equivale a ‘que nem’)

Fiz os relatórios, como meu chefe determinou. (conformativa, equivale a ‘conforme’ ou ‘segundo’)


Exercícios sobre coesão textual

QUESTÃO 1

(ENEM)

O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade?

Não. O riso básico — o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento da face e da vocalização — nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram observadas vocalizações ultrassônicas — que nós não somos capazes de perceber — e que eles emitem quando estão brincando de “rolar no chão”. Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa que está sendo atacado. O que nos diferencia dos animais é que não temos apenas esse mecanismo básico. Temos um outro mais evoluído. Os animais têm o senso de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. O córtex, a parte superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais que nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada.

Disponível em: http://globonews.globo.com. Acesso em: 31 maio 2012 (adaptado).

A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”, verifica-se que ele estabelece com a oração seguinte uma relação de

a) Finalidade, porque os danos causados no cérebro têm por finalidade provocar a falta de vocalização nos ratos.

b) Oposição, visto que o dano causado em um local específico do cérebro é contrário à vocalização dos ratos.

c) Condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja vocalização dos ratos.

d) Consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos é o dano causado no cérebro.

e) Proporção, já que à medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja vocalização dos ratos.

QUESTÃO 2

(ENEM)

Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado. 

RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:

a) “[…] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”

b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe […]”.

c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”

d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper […]”.

e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”

QUESTÃO 3

(ENEM)

O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área.

No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0.

Disponível em: http://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado).

O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que

a) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça.

b) enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo.

c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocorrência.

d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado.

e) por causa de indicar consequência, porque as tentativas de ataque do Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um bloqueio.

QUESTÃO 4

(ENEM)

Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais.

Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.

LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004.

Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento

a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.

b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.

c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.

d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.

e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.

QUESTÃO 5

(ENEM)

Os filhos de Anna eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas.

LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no fragmento apresentado. Observando aspectos da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o texto, o conectivo mas

a) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto.

b) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase.

c) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase.

d) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor.

e) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso.


Gabarito

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Para aprender mais

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Espero que esses exercícios tenham ajudado você a entender melhor sobre coesão textual. Se tiver dúvidas e quiser aprender mais sobre redação e gramática, acesse meu site e inscreva-se para receber meus conteúdos!

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