Conectivos para redação: aprenda com exercícios

Quando você escreve uma redação no Enem, no vestibular ou em concursos públicos, a banca avaliadora espera encontrar certos elementos e estruturas no texto. Eles servem para mostrar domínio da língua portuguesa e do encadeamento de ideias com coesão e coerência.

Uma dessas estruturas são os conectivos. Não só você precisa usá-los ao longo da sua redação, como – obviamente – empregá-los corretamente.

A seguir, vamos entender o que são conectivos, como você pode utilizá-los na redação e, no final, trago alguns exercícios (com gabarito) para você fixar o que aprendeu. Bora lá?

Afinal, o que são conectivos?

Conectivos são palavras ou expressões que ligam frases, orações e parágrafos, criando uma relação de coerência entre diferentes períodos e conectando as ideias apresentadas.

Existem diferentes tipos de conectivos, sendo que esta função é desempenhada, principalmente, pelas conjunções. Advérbios e pronomes são outras classes de palavras que podem atuar como conectivos em um texto.

Da mesma forma, os conectivos podem possuir diferentes funções. São elas:

  • Adição: além disso, mas também, não somente, demais, bem como.
  • Alternância: ou…ou, quer…quer, ora…ora, não…nem.
  • Causa e consequência: por isso, uma vez que, visto que, já que, em virtude de, como resultado, por causa de.
  • Certeza/afirmação: certamente, realmente, evidentemente, sem dúvida, indubitavelmente.
  • Comparação: da mesma forma, conforme, assim como, tão…como, tanto…quanto.
  • Concessão: apesar de, embora, mesmo que, ainda assim, ainda que, mesmo que
  • Condição/hipótese: se, caso, ao menos que, a não ser que, com a condição de.
  • Conformidade: conforme, segundo, de acordo com.
  • Conclusão: portanto, então, assim, logo, desse modo, em suma.
  • Dúvida: talvez, provavelmente, possivelmente, porventura.
  • Exemplificação/esclarecimento: por exemplo, isto é, tal como, em outras palavras, ou seja, aliás.
  • Finalidade: a fim de, com o fim de, com o intuito de, para.
  • Negação: não, nunca, jamais, em hipótese alguma, de jeito nenhum.
  • Oposição: exceto, mas, porém, todavia, contudo, entretanto, embora.
  • Prioridade/sequência: a priori, em princípio, primeiramente, em primeiro lugar, antes de.
  • Proporção: à medida que, ao passo que, quanto mais/menos.
  • Tempo: às vezes, frequentemente, em seguida, sempre.

Como usar conectivos na redação

Lendo alguns dos conectivos acima, dá para ver que eles são elementos que conectam ideias. Ou seja, os conectivos ajudam a trazer sentido para o texto, sendo essenciais para a coesão e coerência da sua redação.

O contrário também é verdade: se eles forem empregados incorretamente, podem prejudicar a compreensão da sua redação pelos avaliadores – e resultar na perda de pontos preciosos.

Isso dito, para usar os conectivos de forma adequada na sua redação, é preciso conhecer os diferentes tipos que listamos acima e seu significado. 

No entanto, não precisa pirar com isso. Prioridades: concentre seus esforços em construir sua argumentação. Ao reler seu texto, aí sim, veja se existem trechos que precisam de conectivos, que pedem uma expressão para deixar clara a relação das ideias apresentadas.

E não force a barra! Você precisa utilizá-los naturalmente ao longo do texto. Mais do que três conectivos em um parágrafo já é coisa demais. 

Outra dica importante é evitar a repetição dos mesmos conectivos. Mostre seu repertório e empregue sempre conectivos diferentes. Evite o que chamamos de “eco”, que é a repetição frequente das mesmas palavras ou de termos com terminações parecidas.

Exercícios sobre conectivos

QUESTÃO 1

(Enem) Da Timidez

Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante timidez é essa, que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de tímido, talvez estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalítico, só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.

[…] O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, duas pessoas são uma multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma plateia, o tímido não pensa nos membros da plateia como indivíduos. Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a plateia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade. Nada adianta. O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do Universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó.

VERÍSSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Entre as estratégias de progressão textual presentes nesse trecho, identifica-se o emprego de elementos conectores. Os elementos que evidenciam noções semelhantes estão destacados em:

a) “Se ficou notório por ser tímido” e “[…] então tem que se explicar.”

b) “Então tem que se explicar” e “[…] quando as estrelas virarem pó.”

c) […] ficou notório apesar de ser tímido […] e “[…] mas isto não é vantagem […].”

d) […] um estratagema para ser notado […] e “Tão secreto que ele nem sabe”.

e) […] como num paradoxo psicanalítico […] e “[…] porque só ele acha […].”

QUESTÃO 2

(CESGRANRIO – Adaptada.) Considere a sentença: “Marisa saiu de casa atrasada e perdeu o ônibus”. As duas orações do período estão unidas pela conjunção “e”, que, além de indicar adição, introduz a ideia de

a) oposição

b) condição

c) consequência

d) comparação

e) união

QUESTÃO 3

(FUMARC – Adaptada) No enunciado, lê-se: “A língua que falamos é um bem, se considerarmos “bens” “as coisas úteis ao homem”. O termo sublinhado, segundo Cunha e Cintra (2009), tem o valor de um (a):

a) construção linguística que apresenta relação causal.

b) sintagma com sentido opinativo, que apresenta uma relação comparativa.

c) conectivo com valor de condição, pois indica uma hipótese.

d) vocábulo gramatical que serve para adicionar uma ideia à outra.

e) Trata-se de uma próclise.

QUESTÃO 4

(FUVEST)

Só os roçados da morte

compensam aqui cultivar,

e cultivá-los é fácil:

simples questão de plantar;

não se precisa de limpa,

de adubar nem de regar;

as estiagens e as pragas

fazem-nos mais prosperar;

e dão lucro imediato;

nem é preciso esperar

pela colheita: recebe-se

na hora mesma de semear.

João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina.

Substituindo-se os dois-pontos por uma conjunção, em “(…) pela colheita: recebe-se (…)”, mantém-se o sentido do texto apenas em “(…) pela colheita,

a) embora se receba (…)”.

b) ou se recebe (…)”.

c) ainda que se receba (…)”.

d) já que se recebe (…)”.

e) portanto se recebe (…)”.

QUESTÃO 5

(Unespar)

As conjunções, as preposições e alguns grupos de pronomes formam a classe dos conectivos, que são palavras de que a língua dispõe para estabelecer relações sintáticas e semânticas entre os diferentes enunciados de um texto, fazendo com que este não seja apenas um aglomerado de frases, mas um todo uno, coeso e coerente. Dessa forma, tais conectivos, muito mais do que “ligar” um enunciado a outro, influenciam na construção do sentido do texto.

Assim sendo, assinale a alternativa INCORRETA em relação ao uso do conectivo e o efeito semântico que esse uso provoca:

a) O título do texto é iniciado com o conectivo “por que”, equivalente a “por qual razão”, “por qual motivo”. O uso do “por que”, nesse caso, sugere ao leitor a ideia de que o autor irá elencar quais são os motivos pelos quais o Brasil deve ser considerado “o melhor país do mundo”. No entanto, são elencados vários exemplos que desconstroem a imagem ufanista/nacionalista do Brasil, tão presente na memória dos brasileiros;

b) A conjunção “embora”, presente no enunciado “[…] embora fique a apenas 300 quilômetros do Rio de Janeiro […]” (linha 9), tem valor concessivo, ou seja, exprime contrariedade. Nesse caso, a contrariedade de ideias se expressa no fato de que não seria comum, Cataguases, uma cidade, relativamente próxima ao Rio de Janeiro, não ter contato com as diferentes etnias e culturas tão frequentes na “Cidade Maravilhosa”;

c) No enunciado “[…] ganhou tanto dinheiro que logo passou à frente a carrocinha […]” (linha 16/17), a locução conjuntiva “tanto que”, exprime a ideia de comparação, com o objetivo de enfatizar a prosperidade do imigrante japonês no Brasil, o que só foi possível, graças ao acolhimento que recebeu do povo brasileiro;

d) Há, no enunciado, “[…] que estamos oprimindo as mulheres, e os negros, e os índios, e os homossexuais […]” (linhas 55 e 56), o uso reiterado da conjunção “e”. Além do valor aditivo, uma vez que indica a soma de novas ideias, a repetição dessa conjunção, no texto em questão, não serve apenas para chamar a atenção do leitor para os substantivos “mulher”, “negro”, “índios” e “homossexuais”, mas também, pode-se dizer que tal repetição pretende estender o efeito de inclusão expresso pelo conectivo aos sujeitos representados por esses substantivos, os quais, normalmente, são vítimas de exclusão e preconceito na sociedade;

e) No enunciado “Temos pois que, antes […]” (linha 51), a conjunção “pois”, posposta ao verbo, indica uma conclusão, que remete à necessidade de reconhecer e aceitar a diversidade existente no Brasil.

Gabarito

12345
cccdc

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